Planeje tudo com antecedência. Consiga o dinheiro necessário
para o que havia planejado nas últimas quarenta e oito horas de sua estadia na
cidade. Saia para comprar os ingressos e espere por ela uma hora antes do fim
de seu expediente. Sua expectativa é grande, aliás, se trata de mais um filme
do super-herói que marcou sua infância e que também decidiu sua carreira.
Compre guloseimas das quais você sabe que ela não iria gostar, mas isso tudo a
pedido dela. Compre seu milk-shake favorito e outro para ela sabendo que ela
não conseguiria tomar tudo e posteriormente estaria fadado a beber o restante.
Ache lugares de fácil acesso para a saída e mais confortáveis para um casal. Assista
ao filme e também assista ela dormir e roncar aos seus braços. Sinta-se
decepcionado, mas entenda que ela esteja cansada devido a sua nova rotina e
necessite de descanso. Emocione-se no filme com cenas medianas e clichês.
Perceba que em poucas horas sua realidade será outra e que logo você estará a quilômetros
de tudo aquilo. Escute-a dizer que o filme é ruim e sinta seu mundo ruir perante
seus pés. Escolte-a rapidamente até o ponto de ônibus e despeçam-se apenas com
beijos curtos e poucas palavras. Esquente o frio em seu rosto com lágrimas
quentes no caminho de volta. Ignore ligações até que você consiga terminar seu
texto medíocre. Agora espere.
segunda-feira, 30 de julho de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
Coisas simples que você nunca esqueceria. É notório que
constantemente seu passado seja melhor que seu presente ou mesmo seu futuro.
Não é possível prever o que vai acontecer, mas é fácil perceber. Pode até ser
possível fazer um futuro da maneira que você quer. Mas nada resolve. Seu
passado é melhor e a cada dia que passa você fica um passo atrás do que já foi
antes. E não adianta nem acreditar que se lembra das coisas, porque você não se
lembra. Pode se ler textos, pode se ver fotos e vídeos. Nada disso recupera o
que passou. Nada disso substitui a decadência do seu presente e futuro. Alguns
até defendem que as pessoas não mudam. Alguns defendem que a velha sensação de
perda determina tudo. Pode se encontrar um ponto de equilíbrio para as duas
opiniões. As pessoas não mudam e a sensação de perda as deixa ocupadas até que
encontrem ou percam algo de melhor. É um dilema fácil de ser resolvido ou aceito.
Não sei por que eu me encanaria tanto com isso. Não sei por que ainda espero
que alguém vá me surpreender. Vejo-me agora apegado a fotos. Fixando-me em
memórias cada vez mais imprecisas. Percebendo que eu já não sou o mesmo e sequer
me lembro de como eu era antes. Encontrei meus motivos para acreditar que não
existem verdades absolutas sobre nada. Amigos? Já me conscientizei também de
que eu estou sozinho e provavelmente sempre foi assim. Se eu já me perguntei se
alguém gostou tanto de mim? Sim. Ficaria menos iludido se eu acreditasse que as
pessoas se odeiam e só exista amor próprio. Eu próprio não serviria de exemplo
para tal mediocridade imposta por mim mesmo. Eu mesmo me atiro na contramão
esperando que um atropelamento me acordasse desse suposto sonho.
domingo, 8 de janeiro de 2012
Todos esses prédios
Todos esses prédios. Todos esses prédios logo farão parte de
um refrão de uma canção que não mais cantarei pelos próximos oito semestres. E
o engraçado é que eu não fazia grande alarde ou questão de tocá-la. Nem mesmo
me prendia ou encontrava motivos para executá-la, mesmo ela estando sempre a
soar em algum lugar específico em meus ouvidos. Era como um zunido, um
incomodo. Indubitavelmente necessário e aceitável. O pior de tudo é que também soa muito familiar.
Familiar a ponto de me ensurdecer e saciar uma fome de estar sempre próximo
dessa canção. Recentemente ela me traz sempre uma risada sonora seguida de um
sussurro que eu nunca ouvia antes e que agora não consigo me ver longe de tal
sonoridade. Restará sofrer por esperar, mas esperar para não sofrer.
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