segunda-feira, 30 de julho de 2012


Planeje tudo com antecedência. Consiga o dinheiro necessário para o que havia planejado nas últimas quarenta e oito horas de sua estadia na cidade. Saia para comprar os ingressos e espere por ela uma hora antes do fim de seu expediente. Sua expectativa é grande, aliás, se trata de mais um filme do super-herói que marcou sua infância e que também decidiu sua carreira. Compre guloseimas das quais você sabe que ela não iria gostar, mas isso tudo a pedido dela. Compre seu milk-shake favorito e outro para ela sabendo que ela não conseguiria tomar tudo e posteriormente estaria fadado a beber o restante. Ache lugares de fácil acesso para a saída e mais confortáveis para um casal. Assista ao filme e também assista ela dormir e roncar aos seus braços. Sinta-se decepcionado, mas entenda que ela esteja cansada devido a sua nova rotina e necessite de descanso. Emocione-se no filme com cenas medianas e clichês. Perceba que em poucas horas sua realidade será outra e que logo você estará a quilômetros de tudo aquilo. Escute-a dizer que o filme é ruim e sinta seu mundo ruir perante seus pés. Escolte-a rapidamente até o ponto de ônibus e despeçam-se apenas com beijos curtos e poucas palavras. Esquente o frio em seu rosto com lágrimas quentes no caminho de volta. Ignore ligações até que você consiga terminar seu texto medíocre. Agora espere.

domingo, 27 de maio de 2012


Coisas simples que você nunca esqueceria. É notório que constantemente seu passado seja melhor que seu presente ou mesmo seu futuro. Não é possível prever o que vai acontecer, mas é fácil perceber. Pode até ser possível fazer um futuro da maneira que você quer. Mas nada resolve. Seu passado é melhor e a cada dia que passa você fica um passo atrás do que já foi antes. E não adianta nem acreditar que se lembra das coisas, porque você não se lembra. Pode se ler textos, pode se ver fotos e vídeos. Nada disso recupera o que passou. Nada disso substitui a decadência do seu presente e futuro. Alguns até defendem que as pessoas não mudam. Alguns defendem que a velha sensação de perda determina tudo. Pode se encontrar um ponto de equilíbrio para as duas opiniões. As pessoas não mudam e a sensação de perda as deixa ocupadas até que encontrem ou percam algo de melhor. É um dilema fácil de ser resolvido ou aceito. Não sei por que eu me encanaria tanto com isso. Não sei por que ainda espero que alguém vá me surpreender. Vejo-me agora apegado a fotos. Fixando-me em memórias cada vez mais imprecisas. Percebendo que eu já não sou o mesmo e sequer me lembro de como eu era antes. Encontrei meus motivos para acreditar que não existem verdades absolutas sobre nada. Amigos? Já me conscientizei também de que eu estou sozinho e provavelmente sempre foi assim. Se eu já me perguntei se alguém gostou tanto de mim? Sim. Ficaria menos iludido se eu acreditasse que as pessoas se odeiam e só exista amor próprio. Eu próprio não serviria de exemplo para tal mediocridade imposta por mim mesmo. Eu mesmo me atiro na contramão esperando que um atropelamento me acordasse desse suposto sonho.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Todos esses prédios


Todos esses prédios. Todos esses prédios logo farão parte de um refrão de uma canção que não mais cantarei pelos próximos oito semestres. E o engraçado é que eu não fazia grande alarde ou questão de tocá-la. Nem mesmo me prendia ou encontrava motivos para executá-la, mesmo ela estando sempre a soar em algum lugar específico em meus ouvidos. Era como um zunido, um incomodo. Indubitavelmente necessário e aceitável.  O pior de tudo é que também soa muito familiar. Familiar a ponto de me ensurdecer e saciar uma fome de estar sempre próximo dessa canção. Recentemente ela me traz sempre uma risada sonora seguida de um sussurro que eu nunca ouvia antes e que agora não consigo me ver longe de tal sonoridade. Restará sofrer por esperar, mas esperar para não sofrer.